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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Resenha - A Menina Que Roubava Livros




Título Original: The Book Thief 
Gênero: Drama 
Autor: Markus Zusak
Edição:
Ano: 2010 
Editora: Intrínseca
INBS: 9788598078373
de Páginas: 478
Sinopse:
   Entre 1939 e 1943 Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu  suficientemente viva da três ocasiões para que a Própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história. História que, nas palavras dirigidas ao leitor pela seifadora de almas no início de A menina que roubava livros, "é uma dentre uma pequena legião que carrego, cada qual extraordinária por si só - uma tentativa que é um salto gigantesco  - de me provar que você e sua existência humana valem a pena".
   Essa mesma conclusão nunca foi tão fácil para Liesel. Desde o início de sua vida na Rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenchabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se converser do sentido de sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidades de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona-de-casa rabugenta. Ao entrar na nova casa trazia escondido um livro. O manual do coveiro. Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixou cair na neve. Foi o primeiro dos muitos livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.
   E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado á Morte. O gosto de roubá-los deu á menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimentos  deu-lhe um propósito. E as palvras que Liesel encontrou em sua páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto de sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vandenburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar.
   Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Alguns apenas passam por sua vida, outros a acompanham até que não lhes seja mais possível, outros estão mais perto do que parecem. Mas só quem está ao seu lado por todas as quase 500 páginas de A menina que roubava livros, só quem testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora. Um dia todos irão conhecê-la. Mas ter sua hsitória contada por ela é para poucos. 
   Tem que valer a pena.  

    A história, narrada pela Morte, conta um breve espaço de tempo da vida de Liesel Meminger, uma criança que é deixada em um lar adotivo por sua mãe, por essa não ter mais condissões de sustentá-la. Inicialmente, ela e seu irmão iriam ao encontro dos pais adotivos, mas o pequeno morre durante a viagem, e esse é também o primeiro encontro de nossa protagonista e nossa narradora.
   Mas como a Morte sabe a história de Liesel? Não, gente, a Morte não é onisciente, fica bem explícito, no prólogo, que apesar de sua curiosidade, e talvez obsessão com a garota, a Morte só passa a saber sua história quando, no último encontro, pega o livro autobiográfico da menina. Ou seja, todo a intrigante narrativa da Morte vem do livro de Liesel. Certas vezes há uma paráfrase destacada, em outras, eu sinto que a menina me conta sua história e o que deveria ser um olhar externo da situação passa a ser quase em primeira pessoa, ou talvez realmente seja. Fora isso, há também uma fuga no foco narrarivo, de modo que não apenas a história da menina é contada, mas também a das personagens secundárias, o que nos concede melhores perspectivas sobre o geral e nos solta do foco, pois permanecer em um único ponto pode ser cansantivo. Depois de uma breve meditação, enxerguei o óbvio: em seu livro a menina também contava outras histórias, que não apenas a sua, por isso a Morte sabai. (haha, descobri!)
   O livro é uma das histórias que te prendem não por querer saber o final, esse aparece no começo, mas por querer saber o como se chega esse final. Inusitadamente, toda vez que a Morte me dava spoiler do fim eu ficava mais curioso.
   O livro é fictício, bem como a cidade em que passa, mas me questionei se talvez não houve, de fato uma menina, que perdera seu irmão e que encontrou a Morte, e que descobriu as palavras...
   Como todo bom livro que tem o holocausto judeu como parte do cenário, há críticas. Algumas mais explícitas, outras suaves, mas eu gostaria de dividir essa com vocês: 


   Quanto a digramação e a capa, eu só posso dizer uma coisa: amei! Há vários citações, avisos, descrições que a Morte faz, e esses são impressos centralizados, enfim, fica muito legal. Um outro detalhe, é o fato de coisas serem impressas em prata. Todos os títulos de capitulos e as divisões de partes são pratas, ou era isso que eu pensava até me deparar com alguns títulos que vieram em preto. Pois é, um erro de impressão. Também, no decorrer, duas histórias são anexadas e cada qual com suas singularidades e suas ilustrações. Sim, há ilustrações, mas apenas nos anexos do livro, não no meio da narrativa.
    Infelizmente, pesquei erros de português. Primeiro, numa dessas citações divertidas houve uma repetição, mas não foi nada para dar ênfase como "Ele morreu. Morreu!", Estava mais para:
A PRODUTORA ROUBADORA DE LIVROS
APRESENTA OFICIALMENTE
apresenta oficialmente
.
.
.

   Se você viu sentido nessa repetição deixe no comentário, pois eu não vi. 
   Também achei uma frase sem concordância verbal. Não me lembro a página, minhas anotações tem a seguinte frase "Erro blablablá verbal", e com isso eu me lembro de ter visto algo errado. Por fim, quase no final, achei o verbo 'beijout' e meu não-conhecimento de alemão me diz que isso não é uma palavra que vem desse idioma. (E se é, por que não veio destacada como as outras?)
   Vale ser dito que em algumas situações eu fiquei, de certo modo, perdido. E detestava toda vez que apareciam frases assim:

- Vocês sabem o que isso significa?
Todos se calaram. Eles sabiam.

   Nossa, como eu me enfurecia! Um detalhe que o autor deixou passar: eu não sou eles. Eu não sabia, e certas coisas eu descobri, outras não. Terminei o livro (não leia o resto do parágrafo se não conhece a história) sem saber direito o que aconteceu na partida de Max. Ok, ele saiu e deixou o caderno para Liesel, mas o que levou Hans a se culpar tanto? Parecia que algum diálogo ou atitude entre eles fez Max sair, mas eu não encontrei nada, e olha que eu voltei um bom pedaço por achar ter pulado alguma página.
   
   Em suma, A menina que roubava livros não é um livro de mistérios, que narra as eletrizantes aventuras de um ladrão. É o contar da dura jornada de uma menina e seus livros, ou melhor, suas fugas e seus encontros com as palavras, seu entender do mundo, sua inocência de criança. É o que já foi a muito declarado, numa guerra quem mais sofre é o povo. Ele é a munição e o alvo. A bala e colete. O vivo e o morto. Não recomendo esse livro para crianças (até porque palavras de baixão calão aparecem. Ora, em alemão, ora, em português), na necessidade de estipular uma faixa etária diria que 15 anos é o mínimo. Não que alguém de 12 anos não compreenda a história, mas, sem subestimar ninguém, não sei se ela realmente se deliciaria de todos os artifícios e críticas que a histórias nos mostra (não sei nem se eu sou maduro o suficiente para apreciá-la por completo). Conhecimentos históricos irão te ajudar a situar-se nos fatos dessa singular narrativa e, parafraseando o marqueteiro:

Quando a morte conta uma história, 
você deve parar para ler.   
 
   Enfim, eu analiso um livro por suas qualidades. Os defeitos, eu os vejo, mas no fim a nota por mim composta leva em conta as boas coisas que o livro me trouxe, se forem poucas ou mal formuladas, aí a nota será baixa. Esse livro me fez refletir sobre tudo o que temos e, muitas vezes, não damos valor. Sobre o mundo e sobre a paz, e sobre o extraordinário dom do ser humano de destruí-la. Por isso, começo meu 2012 e minha primeira resenha com:



   Frases que gostei:
   "Ela o disse em voz alta, com as palavras distribuidas por uma sala repleta de ar frio e livros. Livros por toda parte! Cada parede estava provida de estantes apinhadas, mas imaculadas. Mal se conseguia ver tinta. Havia toda sorte de estilos e letras diferentes nas lombadas dos livros, pretos, vermelhos, cinzentos, de toda cor. Era uma das coisas mais lindas que Liesel Meminger já tinha visto." Pág 123 Que Bookaholic não sonha com essa sala?