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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Filme - Brazil

Bom dia povo. Pela primeira vez, estarei resenhando um clássico cult, que deve ser desconhecido a maioria de vocês. Espero que vocês curtam, mais do que a resenha, a dica de filme.

 
 
 Brazil (Brazil - O Filme)
Embassy International Pictures
Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Terry Gilliam
               Tom Stoppard
               Charles McKeown 
Gênero: Ficção Científica / Comédia
Ano de Lançamento: 1985

Sinopse:
 "Sam Lowry (Jonathan Pryce) vive num Estado totalitário, controlado pelos computadores e pela burocracia. Neste Estado, que lida com o terrorismo, todos são governados por fichas e cartões de crédito e ainda precisam pagar por tudo, até mesmo a permanência na prisão. Neste mundo opressivo Sam acaba se apaixonando por Jill (Kim Greist), uma terrorista."


   Brazil é o tipo de filme em que quanto menos você souber sobre ele, melhor a experiência. Eu mesmo assisti-lo desse modo, com a certeza apenas de que seria um bom filme. E assim foi. Mas é certo de que nesta resenha (ou mesmo na sinopse que você acabou de ler) sejam mostrados pequenos spoilers. Acreditem quando eu digo que nenhum destes irá estragar o filme; mas aos mais sensíveis, apenas assistam-no antes. Só levem a seguinte recomendação: o filme não é nada fácil de se digerir.

   Digo isto pois a comédia chega tão próxima da tragédia quanto se é possível aproxima-las. Pois a natureza humana passada pelo filme é quase odiável. Pois simplesmente estamos falando de um clássico cult. Brazil foi um filme britânico consideravelmente caro para a época, custando cerca de 15 milhões de dólares, mas arrecadando apenas metade dos lucros. O desastre comercial levou o filme ao esquecimento, sendo guardado na memória de poucos admiradores, e agora mais disseminado pela maravilha internautica (é claro, sem reparações monetárias).

   O diretor Terry Gilliam, famoso pela participação na icônica série de comédia britânica Monty Python's Flying Circus, é o responsável pela criação da obra quase surrealista que Brazil é, levando o espectador a sua visão (não tão) distorcida do futuro. Neste, as informação correm mais rápidas que nossos pensamentos, mas ao mesmo tempo numa burocracia enlouquecedora; tudo está ligado por milhões de tubos e por um monitoramento irrestrito do governo super-protetor (ou seria opressor), que sofre com os ataques terroristas tão comuns quanto uma plástica. A vida média ocorre nas alturas de prédios, trabalhando para viver, vivendo para trabalhar. E tudo isso num individualismo quase irritante a qulquer pessoa não acostumado a ele. E o protagonista Sam Lowry (Jonathan Pryce), é um destes, um estranho no mundo em que vive. É dele a visão posteriormente crítica nescessária para nos mostrar o quão horrível é tudo isso, que alguma coisa está errada dentre tanta "perfeição".

   Há sonhos que também atormentam Sam. Não se sabe dizer se estes são gerados pelos "caos" social, ou vice-versa, mas eles sugerem os seus desejos mais forte: a liberdade e o amor, uma vindo na forma de asas, e a outra, na de uma bela mulher, Jill Layton (Kim Greist), aprisionada, pronta para ser salva por seu amado alado. Os sonhos são de uma qualidade bizarra e dantesca que só Gilliam poderia criar, assim como todo o mundo que envolve Sam. E tudo isto graças a equipe artística, que soube obter a essência caótica do filme de uma forma brilhante, maravilhosa a seu modo. O trabalho levou às indicações ao Oscar de Melhor Direção de Arte e Melhor Roteiro Original, sem triunfo em nenhum dos quesitos.

   Mas as simbologias de Brazil são mais do que as descritas acima. Nos sonhos ou na realidade, são diversas as pistas esaplhadas pelo filme, que uma a uma vão construindo o seu sentido final. E desvenda-las é trabalho de cada espectador ao seu modo, pluralizando a experiência que o filme tráz. Isto pode tornar o filme um tanto pesado de ser assistido. A maioria precisará ao menos de algumas horas de reflexão sobre ele; alguns, de mais uma visualização completa. Mas nada que tira o brilho da produção; ao contrário torna-a mais inteligente. O nome aliás já é um grande mistério; "Brazil", talvez simples referência a música de Ary Barroso, que se repete com extrema frequência no filme, ou quem sabe, uma crítica ao governo mitar que acabara de cair em nosso país, e que tanto tem a ver com o da obra relatada.
   Assim, o roteiro bem estruturado somado a belas atuações, e a uma produção artística maravilhosa fazem de Brazil um ótimo filme.Só não espere um filme para se relaxar, ou um grande drama, ou uma grande comédia, uma ficção científica ou mesmo um filme para se entender; não espere nada antes de assisti-lo.

Beneson C. Damasceno