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terça-feira, 4 de setembro de 2012

The Dark Knight Rises

Batman: O Cavaleiro Das Trevas Ressurge
Legendary Pictures
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan
               Jonathan Nolan
Gênero: Ação / Policial
Duração: 165 min 
Ano de lançamento: 2012
Sinopse: 
"Já faz oito anos que Batman (Christian Bale, de “O Vencedor“) desapareceu na noite, transformando-se, naquele momento, de herói em fugitivo. Assumindo a culpa pela morte do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart, de “Obrigado por Fumar”), o Cavaleiro das Trevas sacrificou tudo por aquilo que ele e o Comissário Gordon (Gary Oldman, de “O Espião que Sabia Demais”) esperavam ser o bem maior. Por um tempo, a mentira funcionou, e a atividade criminal da cidade de Gotham foi esmagada pelo peso da lei com o Ato Anti-Criminal Dent. Mas tudo vai mudar com a chegada de uma esperta ladra felina com um objetivo misterioso. Entretanto, muito mais perigosa é a aparição de Bane (Tom Hardy, de “Guerra é Guerra!”), um terrorista mascarado que tira Bruce de seu exílio auto-imposto graças a seus planos cruéis.  Mas ainda que use seu capa e máscara novamente, Batman pode ainda não ser páreo para Bane."

   Mas por que diabos eu não consegui terminar essa resenha. Vi o novo filme do Batman a duas semanas atrás, mas nada saia em todas as tentativas de escrever algo. Talvez seja o peso que o filme têm sobre mim? Bom, a trilogia do Cavaleiro das Trevas realmente têm uma relação especial comigo; nunca fiquei tão impressionado num cinema quanto na exibição de Dark Knight (Batman: O Cavaleiro Das Trevas), assim como Batman Begins me deixou boquiaberto no que era pra ser um simples blockbuster de verão. Além disso, o diretor Cristopher Nolan foi o responsável também pelo filme mais significativo de minha vida (até o momento), Inception (A Origem). Tudo isso influenciou em minhas expectativas antes de assistir o filme, e agora, na forma em como eu posso mostrar aos leitores que Batman: The Dark Knight Rises é um filme foda.

'Begin, Fall, Rise'.  Mais inteligente que veicular o filme, foi veicular a trilogia.
   Uma das coisas que fizeram ascender a trilogia de Nolan como uma das melhores já feitas foi a forma como um filme é interligado ao outro. 3 histórias completas, fechadas em si mas abertas em relação aos outros filmes da série. Também não ocorre como em O Senhor Dos Anéis (que Deus me perdoe blasfêmias a esse mito), em que cada filme necessita do anterior para o completo entendimento; é fácil ver qualquer um deles sem ter o outro na bagagem. Mas quando se faz o link entre as histórias, percebe-se que elas são uma só, que todas tratam de uma mesma temática. E assim como nas sequências anteriores, o que me move Dark Knight Rises é a influência do herói ao público, ao povo. E mais que isso, em como ele é influenciado pelos que deve proteger.

   No primeiro filme temos o início do Batman, a apresentação de um vigilante mascarado que deseja fazer justiça com as próprias mãos, mudar os rumos de uma Gotham assolada pelo crime, seus erros e acertos ao tomar toda a responsabilidade de milhares de vida pra cima de si. E o seu sucesso, não só em influenciar na criminalidade, mas ao provar que tudo e todos têm a possibilidade de mudar. Mas aí surge o Coringa pra ensinar ao Batman muito mais do que ele ensinou ao mundo. Nada é concreto, nada é simplesmente certo ou errado, e nem mesmo o maior exemplo de justiça pode ter um julgamento perfeito. Nesta etapa o herói me lembra muito o Rorsarch de Watchmen, impossibilitado de ver além do preto e branco de sua máscara, afundando a si mesmo em seu senso de justiça. O final só não é tão trágico quanto o do anti-herói de Alan Moore pois o Batman soube 'tirar' sua máscara e se submeter a insanidade da vida. Temos a queda do vigilante de Gotham, a entrega do símbolo que ele foi por um bem maior. Eis que surge o Cavaleiro Das Trevas, The Dark Knight.

   E 7 anos depois, temos o início do último capítulo da trilogia, com o ex-herói frustrado por seu senso de justiça e incapaz de buscar uma mudança significativa a sua própria vida, a vida de Bruce Wayne. Enquanto o bilionário lamenta seu próprio destino, uma força descomunal ascende dos esgotos de Gotham, de nome Bane. O vilão acostumado a ser coadjuvante nos quadrinhos trouxe desconfiança aos fãs da série quando anunciado pro filme, com a incrível responsabilidade de se igualar ao maior rival do morcego. É certo que a atuação de Tom Hardy não chega perto ao do Coringa vivido com maestria por Health Ledger anos antes; até porque seria pedir demais por isso. Mas o astro se sai bem no papel, auxiliado ainda por um bom roteiro a adaptar o personagem. O Bane de Dark Knight Rises é poderoso, amedrontador, respeitável, e acima de tudo, realístico, em atuação e em história. Os músculos atrofiados do vilão nos quadrinhos dão lugar a uma voz poderosa, quase inaudível, mas de fazer tremer qualquer um. Quase lembra outro grande vilão, Darth Vader. Mas isso não impossibilita o Bane de ser forte. Ao contrário. Os combates corpo a corpo contra o Batman são maestrais, muito melhores do que eu poderia imaginar. O primeiro marca um dos momentos mais tensos do filme, num clima perfeito encabeçado pela trilha sonora de Hans Zimmer. E que trilha, já conhecida entre as 'Noletes' como eu. É que o compositor foi o responsável pelo som das grandes obras de Nolan, Inception e Dark Knight, ganhando os Óscars de Melhor Mixagem Sonora e Edição de Som com o primeiro filme. Mentiria ao dizer que a trilha de DKR se iguala a dos outros dois filmes citados, mas não deixa de dar grande emoção a este filme.

Bane por Tom Hardy. Simplicidade na aparência, poder na atuação.
   Zimmer e Tom Hardy não foram os únicos 'reciclados' de Inception. Os coadjuvantes Joseph Gordon-Levitt e Marion Cotillard também já brilhavam, cada um de sua maneira no filme anterior de Nolan. Em DKR, enquanto o primeiro faz um ótimo trabalho como o policial John Blake, Cotillard não impressiona muito como a milionária Miranda Tate, meio apática em alguns momentos e sem muita expressividade, apesar de sua extrema importância ao enredo. A outra estreante na trama é Anne Hathaway como Selina Kyle, a ansiada Mulher Gato. Esta também não se detaca no papel da bela ladra (se não levarmos em consideração sua beleza). É uma atuação plana, básica, sem erros ou exageros; mas também sem a expressividade esperada pela protagonista de O Diabo Veste Prada e Cisne Negro. Já os outros coadjuvantes são precisos em seus papéis. Gary Oldman (Comissário Gordon), Morgan Freeman (Lucius Fox) e Michael Caine (Alfred) atuam como atuaram no primeiro e segundo filme, mantendo bem seus personagens, sem nenhuma mudança na forma de representá-los. Ponto a mais à trilogia, que se mantém uniforme pelas sequências.

   E acima de todos estes, o Bruce Waine de Christian Bale. Jamais um Batman foi tão humanizado quanto pelo ator, em seus atos, razões e consequências. O ator demonstra ser de primeiro gabarito ao se entregar ao papel, personificando todas as ações de um suposto vigilante, sem fugir da realidade ao mesmo tempo em que não perde a verossimilhança no herói. A influência dos outros filmes é vista tanto no ator como no personagem, que evoluíram juntos após 7 anos, e são vistos com muito mais maturidade nesta sequência.

    Pois bem. Com o vilão em jogo, Bruce é impelido por seu senso de responsabilidade a interferir em seus planos, saindo da inatividade e voltando com tudo a luta contra o crime. Não só nesse ato de virada, mas em outras partes do filme fica claro um dos mais recorrentes problemas - sua temporização. Sem dar muitos detalhes, alguns atos que deveriam durar, na cronologia do filme, semanas, meses, são retratados como ocorridos em poucos dias. É certo que o filme já é gigantesco com suas 3 horas e meia, mas com um bom trabalho da direção neste setor seria possível dar ao expectador maior sensação de passagem de tempo.

    Mas Cristopher Nolan está perdoado. O erro acima não é nada grave, e quase desaparece na ótima produção de DKR. Não só pela trilha sonora, a ambientação sombria do filme o eleva a um épico dos tempos atuais, com cenários e cenas grandiosas. A sua duração também demonstra isso, preenchida completamente por um enredo envolvente que te faz querer sempre mais, 4, 5 horas de filme. Não que a história desta sequência seja genial ou complexa como em outros filmes do diretor (acho que já disse isso), mas a forma como é conduzida o torna pequena. Talvez seja o fato de que ela vem a fechar 7 anos de produção completamente pensada desde o início. O filme pode não ter feito jus as expectativas de muitos que esperavam uma nova obra prima como Dark Knight, mas The Dark Knight Rises termina com chave de ouro uma história que vem a marcar não só a mim, mas a muitas outras pessoas. Tenho certeza de que a trilogia de Nolan estará entre as melhores já feitas até hoje, com sua proeza de finalmente humanizar satisfatoriamente um herói dos quadrinhos, com cerca de 15 personagens adaptados, rodando um filme do tipo entre os melhores do ano e obtendo sucesso de público e crítica numa franquia envolvendo 7 anos de produção.

   Talvez essa tenha se tornado mais uma resenha sobre a trilogia do Batman de Nolan do que de The Dark Knight Rises. Mas num caso como estes é impossível falar de um sem tratar dos anteriores; e além disso, mostra o quão grandiosa é a trilogia e a ousadia do diretor Christopher Nolan. Mesmo que um pouco (muito) atrasada tenha sido a resenha, por hoje é só. Semana que vem tem mais. Até outro dia pessoas.